“L´Etat c´est moi “ - Carlos Costa, perdão Luís XIV






Dez anos depois do colapso de 2008 e consequente queda do Lehman Brothers, Carlos Costa ofereceu a todos os portugueses um artigo no Jornal de Negócios, onde de uma forma académica, nos proporciona um verdadeiro tratado à economia moderna, sob a forma de um singelo comentário. É absolutamente surreal! Tiveram seis anos para preparar o sistema bancário nacional, mas nada efectivo foi feito. Seis anos depois a única forma de salvar o pequeno e frágil sistema bancário português, foi através de resoluções. Na minha modesta opinião e de muitos outros, a pior ferramenta que poderia ser utilizada. E não é só isso, tudo isto à volta das Resoluções do “Carlinhos”, está envolto em nevoeiro… A comissária que assinou a Resolução desapareceu, o relatório da Boston Consulting Group que também desapareceu… enfim um verdadeiro triângulo das Bermudas, versão portuguesa.

Não nos esqueçamos que este Estadista foi o mesmo que deu à administração do BES, 48 horas para fazer um novo aumento de capital, sob pena de ter de resolver o banco.

Um discurso digno do Governador do BCE, como passo a citar: “O que está em causa é crítico, não só no plano económico e financeiro, mas também no plano político. O populismo e a resistência ao processo de integração europeia tendem a variar na razão inversa da confiança na segurança das poupanças aplicadas em depósitos. Um mecanismo europeu de garantia de depósitos e o apetrechamento das autoridades europeias e nacionais para garantir a estabilidade dos sistemas financeiros nacionais, regionais e europeu são hoje o fator crítico e decisivo da aceitação pública do processo de integração europeia. Uma atitude de estadista por parte de quem defende a integração europeia pressupõe uma compreensão do problema e uma ação imediata para a criação das condições de construção dos pilares do edifício que ambicionamos: uma União Europeia inclusiva e difusora de prosperidade.”

Carlos Costa esqueceu-se de referir o interesse na concentração bancária europeia, fazendo desta forma, desaparecer a banca nacional. A única banca orientada para o suporte e financiamento das PME´s. Depois do “furacão” Carlos Costa à frente do Banco de Portugal só restarão os bancos espanhóis, nomeadamente o Santander que ainda ficará com o Novo Banco.

A desresponsabilização do Governador do Banco de Portugal é total. Não nos podemos esquecer que a Resolução ao BES, por exemplo, fez desaparecer 12% do PIB, cerca de 25 mil milhões de euros até 2020. Mais, 4 anos depois da resolução, o Novo Banco ainda apresentava prejuízos de 3,5 mil milhões de euros, mesmo com a criação do conceito Banco Bom e Banco Mau, onde todos os ativos supostamente tóxicos foram transferidos. Não se percebe. Então a resolução serviu para o quê? Certamente que não foi para o bem da economia, nem para o bem do sistema financeiro, nem para o bem das PME´s, nem para o bem dos lesados…

Resumindo e concluindo, as resoluções feitas no sistema bancário português, poderão mesmo vir a ser consideradas como um dos maiores erros da era moderna em Portugal. Daí a importância, segundo os meus amigos bem colocados, do relatório da Boston Consulting Group, que por alguma razão, não aparece.

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