Da irracionalidade e irresponsabilidade operacional de Carlos Costa à fuga de 35 mil milhões de euros da economia portuguesa



O período entre a divulgação do ETRICC2 e a resolução ao BES, foi caracterizado pelo processo mais desordenado, incoerente e irresponsável da história da economia moderna portuguesa. Já sabemos agora que haviam dúvidas, não só no universo Espirito Santo, mas também no restante sector bancário nacional. E por isso, o Banco de Portugal encomenda à PWC o ETRICC2.

No que concerne ao GES e, como o exercício concluiu que a atividade operacional das suas subsidiárias iria gerar cash flow que permitiria atingir em 2023, um nível de endividamento aceitável, o governador do Banco de Portugal, resolveu a 29 de outubro de 2013 impôr uma série de medidas, entre as quais o ring-fencing (proteção (ring-fencing) do grupo financeiro face aos riscos emergentes do ramo não financeiro do GES), que acabaria por liquidar toda a estratégia de viabilização do grupo. Ou seja, assente em informações de terceiros, o Banco de Portugal, não deixou, por e simplesmente, que fosse viabilizada toda estratégia apresentada no ETRICC2. É incompreensível e muito grave, na minha modesta opinião.

Mais, a pouco menos de um mês da Resolução ao BES e depois de um aumento de capital de mais de 1000 milhões de euros que ultrapassou em 170% a procura, o Banco de Portugal afirmou que, “tendo por base a informação divulgada a 10 de julho de 2014 e os impactos quantificados até essa data pela instituição e pelo auditor externo, o BES possuía uma almofada de capital suficiente para acomodar possíveis impactos negativos resultantes da exposição ao braço não financeiro do GES. Como tal, com referência a esta data, a estratégia adotada pelo Banco de Portugal de proteção do grupo financeiro face às entidades do GES tinha atingido os seus objetivos, atendendo a que o banco demonstrava capacidade para suportar as eventuais perdas decorrentes da exposição do BES a tais entidades, sem comprometer o cumprimento dos rácios mínimos de capital.” A 3 de agosto de 2014, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, decide avançar com a Resolução ao BES.

Tal como me dizia, no passado sábado, uma grande figura da nossa democracia, a resolução ao BES vai custar 35 mil milhões de euros à economia portuguesa. Entre os cerca de 10 mil milhões de euros injetados no Novo Banco e, os 25 mil milhões de euros que irão desaparecer da economia portuguesa, ou seja 14% do Produto Interno Bruto (PIB), num período de sete anos, que termina em 2021, segundo o livro “Caso BES - A realidade dos números”, da autoria de José Poças Esteves e Avelino de Jesus.


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