Demita-se Senhor Governador


Uma história de destruição. Este poderia bem ser o título que carateriza o mandato de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal. Entre decisões e omissões, o Governador do Banco de Portugal já custou milhares de milhões de euros à economia portuguesa e ainda assim, continua lá no seu poleiro, decidindo e omitindo. Mais, Carlos Costa foi nomeado por José Sócrates, tendo sido colega de Armando Vara ainda na CGD. Foi ainda responsável pelo maior buraco da CGD, com os créditos transferidos para o banco da CGD em Espanha. Já depois desta telenovela, faz-se o “melhor amigo” de Pedro Passos Coelho e de Maria Luís Albuquerque que acabariam por reconduzi-lo para um novo mandato à frente do BdP. É surrealista. 

No universo BCP, Carlos Costa autorizou um total de cerca de 300 milhões de euros a ‘off-shores’ sem qualquer tipo de colateral. Homens como Jorge Jardim Gonçalves ou Joe Berardo já o disseram por diversas ocasiões, e em diferentes fora, Carlos Costa era à data um “expert” no circuito das ‘off-shore’ no BCP e, anos depois, quando o caso chegou a julgamento, o nosso agora Governador disse nada saber, que apenas assinava de cruz. Como é que isto é possível se passava por Carlos Costa o alegado “esquema” de criação de ‘off-shores’, seguida de atribuição de elevados créditos, que depois iam servir para a compra de ações no... BCP. 

Carlos Costa não era uma mera peça de uma enorme engrenagem, era a própria máquina! Um diretor de área internacional não pode nunca alegar um “estado de ignorância” em matéria de circuitos financeiros mais ou menos complexos como este de que me lembrei agora de falar. Não pode! É este homem o Governador do BdP?

Diretor da área internacional do BCP entre 2000 e 2004, Carlos Costa não mexeu uma palha quando vários altos quadros do banco se viram envolvidos num processo-crime por manipulação do mercado. Na altura o que disse este nosso velho conhecido? “Estou num estado de ignorância porque não sabia desse facto que a senhora procuradora me acabou de relatar”, disse. “Passam tantas entidades com nomes tão diferentes e, às vezes com nomes tão imaginativos, que não passava pela cabeça retê-los”, acrescentou.

Depois, como se já não bastasse toda esta polémica, decide liquidar o BES e o Banif através do mecanismo de resolução, que na altura era apontado como o único cenário que poderia defender os contribuintes. Passados praticamente cinco anos, sabemos que também isso era falso. Mais, ao comum dos mortais, continuou sempre a defender que não são os portugueses que estão a pagar o BES, mas sim o Fundo Resolução. Mas até isso é falso. Isto porque o Estado Português viu-se obrigado a emitir dívida de forma a poder financiar o Fundo de Resolução, que não tinha ainda liquidez suficiente para poder embarcar numa operação desta dimensão. Mais uma vez, foram os contribuintes e não o sistema bancário português que pagaram a decisão “cega” de Carlos Costa. 

Por que razão o Governador do Banco de Portugal se nega a tornar público o conteúdo dos relatórios de auditoria? Tanto o relatório da Boston Consulting Group como o da EY relativo à Caixa Geral de Depósitos. Sabemos agora, que o Ministério Público já autorizou que o referido relatório fosse facultado à Assembleia da República. 

O problema é que no diz respeito ao Relatório da Boston Consulting Group, nem a Justiça portuguesa teve acesso, apenas o Banco de Portugal e alguns quadros próximos de Carlos Costa conhecem o resultado, tendo inclusivamente afirmado que, “tenho muito orgulho em ter desencadeado este processo, porque isso significa que a instituição se submete ao escrutínio de uma entidade externa, relativamente às suas próprias determinações.” O relatório da BCG custou ao Banco de Portugal 910 mil euros e o seu conteúdo continua a ser uma incógnita.

Não nos esqueçamos que o mandato do actual Governador do Banco de Portugal termina em julho de 2020, todavia, já ninguém aguenta esta Lei de Murphy elevada a 1000, onde tudo o que poderia correr mal, correu efectivamente mal.

Demita-se Senhor Governador, já chega.

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