Relatório do BNP Paribas “desmascara” António Ramalho



Carlos Costa e António Ramalho ainda têm que dar explicações sobre o que passou no Novo Banco a partir de Fevereiro de 2015, ou seja, menos de um ano da decisão de Carlos Costa em Resolver o BES. Ora vejamos, em fevereiro de 2015, o Banco de Portugal encomendou ao BNP Paribas um relatório onde foi analisado a qualidade do crédito, os rácios de cobertura e a comparação com os restantes players do sistema bancário português. 

A conclusão é impressionante, acaba por desmentir categoricamente as recentes declarações de António Ramalho sobre a qualidade do crédito que herdou do BES. Em 2015, o crédito em risco ascendia a 14,7%, em linha com os restantes bancos nacionais (13,8%, 12,8%, 12,1%) e com um rádio de cobertura do crédito em risco fixado nos 81%, ou seja, cerca de 30% acima dos seus congéneres. Mais, o rácio de NPL a 90 dias (números relativos a Setembro de 2014), era de 7,8%, com o rácio de cobertura dos NPL fixado nos 152,5%. O rating do crédito em risco por segmento de cliente estava também estabilizado, como por exemplo no segmento dos grandes clientes corporate, apenas 0,9% estão classificados como ccc+;ccc-. Portanto, tudo o que António Ramalho tem afirmado sobre as contas que herdou do BES é falso. Bom, em termos concretos, Ramalho afirma que os 93,1 milhões de euros de resultado negativo, referente ao primeiro trimestre de 2019, estão em linha com o plano estratégico e com os compromissos assumidos com as autoridades europeias. Pois, todos sabemos quais são as grandes linhas estratégicas de António Ramalho...

A estratégia de Ramalho e do Lone Star

Sabemos ainda que o Lone Star deu instruções para maximizar o provisionamento, de forma a utilizar o maior valor possível da Garantia contratada com o Fundo de Resolução. Em termos teóricos, a recuperação futura de créditos já provisionados, reverterá para o Fundo de Resolução, contudo, o dinheiro, entretanto, já está do lado do Banco. Assim sendo, e uma vez que a responsabilidade da recuperação de crédito está do lado do Fundo de Resolução, o Novo Banco pouco ou nada fará para recuperar o capital.

A maior parte da estratégia de recuperação, assentaria no esforço de apoio ao “turnaround” de empresas consideradas viáveis, mas com algumas dificuldades de tesouraria. Todavia, o que ficou claro, é que o Lone Star, beneficiário da garantia do Fundo Resolução, não está interessado em disponibilizar novos apoios, a menos que sejam obrigados pela tutela.
O resultado desta estratégia é o agravamento da situação das empresas que sempre contaram com o apoio do banco, o aumento das imparidades e mais entradas de capital por parte do Fundo de Resolução.

Segundo o que me foi dito, A Lone Star tem representantes nos conselhos de crédito e comités de risco, mais, substituiu toda a equipa dirigente do departamento imobiliário por colaboradores diretos. Mais preocupante, é alienação de património imobiliário de segunda linha com descontos de 30% face à última avaliação.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O triângulo “circunstancial” Carlos Alexandre, Orlando Figueiras e os Vistos Gold

Lesados viram-se contra Carlos Costa e NovoBanco

Centeno aperta “cerco” a Carlos Costa